
Por Pablo Lopes,
Gestão Cultural em Territórios Emergentes: gestacionar a Cultura
O campo da gestão cultural carrega consigo relação direta
com as conjunturas do mundo da vida em que está inserido. Passa
pelo ofício de criar e de gestacionar experiências, porém, também
opera sob o rigor e a disciplina na tentativa de domesticar a rotina
e cumprir prazos. A fim de refletir e partilhar formas de atuação neste campo de trabalho tão fundamental para o setor cultural e artístico, nos próximos meses serão publicados neste espaço textos e conteúdos autorais sobre a gestão do Coletivo Justina como ação de pesquisa do projeto de manutenção de grupos Territórios Emergentes.
Com experiência acumulada ao longo de 13 anos, o autor desta coluna, também refletirá sobre a reflexividade que há nesta forma tão única de gestacionar o trabalho. A administração, o controle de metas, a gestão de pessoas e o contato com o público são comuns no campo da gestão. Entretanto, quando se aborda junto à cultura gerir não se restringe apenas a manuais de práticas administrativas. A própria vida e a impermanência que a cultura possui, atinge diretamente as formas de gestacionar. Aqui utilizamos o plural a fim de compreender que não há uma receita, uma fôrma única de gestacionar a cultura. Portanto, caminhos da Gestão Cultural em Territórios Emergentes são alçados ao encontro de atuações em investigações.
Por entender que a gestão cultural atravessa um modo de ver e se relacionar com o projeto que está sendo concebido ou executado, pesquisar passa a ser imperioso. Assim, a partir da metodologia de Dramaturgias Emergentes – essa é explicada aqui - do Coletivo Justina, realizar uma pesquisa sobre o Território da Gestão Afetiva, constitui como camada da Gestão Cultural.
A gestão de processos criativos é atravessada por diversas demandas ainda pouco sistematizadas e/ou refletidas, visto que ao pensar na gestão e nas ferramentas utilizadas, mesmo dentro de um contexto artístico podem acabar sendo direcionadas para uma sistematização em: planejamento, gestão, elaboração e acompanhamento de projetos, vindouras de espaços do conhecimento mais ligadas às questões administrativas.
Essas ferramentas têm nos auxiliado bastante no campo das artes, principalmente para a escrita de editais e gerenciamento de atividades ligadas mais ao campo da objetividade, mas, não abarcam as necessidades de gestão dos processos criativos. Pois na prática do criar assim se estabelece um sistema de relações bem mais complexo e que necessita de metodologias de acompanhamento que vão muito além do sinalizar feita ou não determinada atividade, até porque na vivência os materiais estéticos transformam o fazer a todo instante.
No Coletivo Justina, temos trabalhado esse território, e essa metodologia de gerir a criação e não apenas a execução de projetos. A partir das experiências do Coletivo Justina, de seus estudos e práticas já realizadas acerca do tempo e de ações como de compartilhamento sobre a prática já realizados pelos membros.
Nas próximas publicações, serão aprofundadas essas relações bem como uma retomada de entendimento sobre gestão e cultura.